A Grande Hipocrisia Sistêmica da Lei
Essa performance tem seu roteiro escrito em contradições. A lei trabalhista brasileira é um dos atos mais notórios desse espetáculo. A Lei n.º 7.418/85, do Vale-Transporte, obriga o empregador a fornecer a passagem, garantindo que o trabalhador chegue ao local de produção. Mas, convenientemente, não há uma lei que o obrigue a fornecer alimentação adequada, apesar do direito constitucional à alimentação estar presente no artigo 6º da Constituição Federal de 1988.
Essa lógica é cruel, mas não é um erro. É uma escolha. O sistema prioriza a força de trabalho que chega, mas não a que é mantida com saúde. A sagacidade do sistema é fazer a lei parecer justa, enquanto ignora a base da dignidade humana.
“As ideias não compreendidas, o não concretizado, eu chamo de FUTURO! Mas, na verdade, isso é o presente em andamento!”
Jornalista Lauro Nunes
O Discurso da “Meritocracia Falsa”
O clímax dessa peça teatral, no entanto, é o discurso da elite. Aqueles que usufruem de privilégios como carros, motoristas e alimentação garantida olham para a maioria que vive com salários precários e os acusam de falta de esforço. O discurso de que o sucesso é fruto de **”meritocracia”** é a maior mentira de todas, pois ignora as condições de largada, a falta de oportunidades e a saúde precária de grande parte da população.
No final das contas, o público — a sociedade — aplaude o ator e sua performance, enquanto a verdade se torna um coadjuvante nos bastidores. O que importa não é o que se é, mas o que se aparenta ser.